A Rendição dos gauleses
Revista Veja
Quando lançaram o Google Book Search – site que abriu ao usuário da internet o acesso a milhões de livros, digitalizados a partir do acervo de 29 grandes bibliotecas – , os americanos Sergey Brin e Larry Page, criadores do Google, não domaram a ambição. Seu propósito era “tornar acessível a qualquer internauta o texto de todos os livros do mundo”.
Depois de processarem o Google por violações de direitos autorais, as editoras americanas acabaram entrando em um acordo com o gigante da internet ( o Departamento de Justiça americano está fazendo está fazendo a revisão final desse acervo). Agora, cai mais uma frente de resistência, talvez a mais obstinada: a França.
O país propôs uma biblioteca virtual européia (que não chegou a sair do chão) para se contrapor ao Google. Desde então, a direção da Biblioteca Nacional da França (BNF) mudou – e, na semana passada, os irredutíveis gauleses capitularam: em entrevista ao jornal de economia La Tribune, Denis Bruckmann, diretor de coleções da BNF, admitiu que um contrato com o Google deverá ser fechado nos próximos meses. O gigante da internet incluiria o acervo francês no Google Book Search e, em troca, aceleraria a digitalização dos livros.
O site da BNF já oferece obras digitalizadas na biblioteca virtual Gallica. A expectativa é que o Google incremente a musculatura econômica do projeto. “Se o Google nos permite ir mais rápido e mais longe, por que não?”, disse Bruckmann. Os franceses advertem que o Google terá acesso apenas a obras de domínio público, que não estão cobertas por direito autoral. Discutirmos ganhos financeiros num negócio desse tipo faz todo o sentido, mas a patriotada, francamente, carece de substância. O que está no Google, hoje, não é americano – é universal.